segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Subconsciente colonizado

A colonização cultural e mental de nosso povo fica cada vez mais evidente – pelo menos para mim.

Observo-a em certos detalhes, como o fato de correspondentes brasileiros de imprensa na França pronunciarem nomes franceses como se fossem ingleses. Não é só o nome da famosa torre parisiense, é todo e qualquer nome próprio.

Outros povos, ainda não dominados por essa mania, costumam ter dois procedimentos em face de uma situação destas:

1- Pronunciar tais palavras como na língua de origem; ou

2- Pronunciá-las como se fossem nomes de sua própria língua.

Os próprios francófonos não têm a menor vergonha de pronunciar palavras estrangeiras pela fonologia e fonética de sua própria língua.

Mas nós as pronunciamos como se fossem palavras inglesas, pois em nosso subconsciente achamos que só nós falamos o português e os demais povos todos falam inglês.

O trabalho já está feito; desmanchá-lo será difícil, senão impossível.

Pode parecer coisa pouca ou desimportante, mas não é.

Concordância verbal na TV

O ensino de língua portuguesa enfrenta dificuldades no Brasil…

No quadro “Tudors Terríveis” (“Terrible Tudors”) do programa inglês Deu a Louca na História (Horrible Histories), exibido atualmente pela TV Escola, um diálogo apresenta o seguinte:

Derramastes minha cerveja! Desafio-te a um duelo!”

Mas deveria ser derramaste, pois se trata da segunda pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo; a forma com S final é da segunda pessoa do plural: derramei, derramaste, derramou, derramamos, derramastes, derramaram.

Que haja confusão, na língua coloquial de muitos brasileiros, entre formas da segunda e terceira pessoa, ou entre singular e plural, é coisa compreensível; a variedade de formas (alterações fonéticas ou morfológicas) é grande e a linguística explica isso.

Mas que isso se apresente em programas educativos é inaceitável (a não ser que se trate de metalinguagem, o que não é o caso). Isto é, no mínimo, fruto de descuido.

É mais um exemplo de nivelamento por baixo: para que aprender estruturas linguísticas que não são usadas no dia a dia? Perda de tempo!

Pobre Camões! Por que ler suas obras, se ninguém fala (e na verdade jamais falou) do modo como ele as compôs?