“IAGO – Eu, zombando de vós? Não, pelo céu. Como homem,
suportai vosso destino.
OTELO – O homem de
chifres é animal, é monstro.”
(W. Shakespeare, Otelo, tradução de Carlos Alberto Nunes)
Certa vez, andando pela Av. São Sebastião, em Santarém, PA, ouvi uma locução que até então eu
desconhecia. Um ônibus com defeito estava parado no meio da pista, nas
proximidades de um ponto de fiscalização; um fiscal atravessou a rua e gritou
para o motorista do ônibus quebrado:
– Pisaste em rastro de corno?
–
Pois é, bem na hora de voltar para
casa...
Parece
tratar-se de frase feita. Eu não a conhecia; talvez seja típica do Pará, ou
apenas de Santarém. É mais uma criação léxico-sintática de nossa gente. A
língua é uma e a mesma, mas o uso e a criatividade de nosso povo variam
muuuuito neste Brasilzão quase sem fim!
É
isto... Tomem cuidado, pois parece que, segunda a sabedoria popular, dá azar
topar por aí com um – ou com seu rastro!
Rhyton, ríton, arte minoica, século XVI a.C. Museu Arqueológico de
Heráclion, Creta, Grécia.
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